Rodoviária II (ainda aquela parte adormecida)

Era estranho subir a serra sem nenhuma confirmação de que ela iria me ver. Eu até tinha opção, um caminho mais curto por sinal, mas preferi arriscar e tentar vê-la de novo, quem sabe trocar algumas palavras.

Não cheguei tão cedo quanto da última vez, decidi não ligar para não ouvir as mesmas - ou novas - desculpas. Aquelas duas horas que passei na rodoviária, no frio, com crédito no celular, foram massacrantes. (Ok, eu fui vê-la, mas pensei que talvez eu resistisse, talvez eu pudesse ir para a serra sem necessariamente encontra-la. Difícil).

Pensei em tudo o que já aconteceu. Em como todo aquele sentimento que ela "nutria" por mim virou nada, enquanto o meu só aumenta. Até tento colocar outras pessoas na cabeça. Às vezes até consigo, outra pessoa entra na minha cabeça, mas ela nunca sai e ainda expulsa os outros de mim.

Depois de muito pensar, decidi: "Não ligo!", como se fosse fazer alguma diferença para ela... Mas como vivo quebrando as promessas que faço para mim mesma ¬¬ Liguei. Ela estava acabando de acordar. Perguntou se eu tinha chegado àquela hora e me chamou de baixa quando eu disse que tinha chegado às 10h.

Tentei me explicar "Não tinha pra quê ligar antes" (Como se ela fosse se importar, já fiz isso para poupar as desculpas que ela iria me dar para não me ver) "Além do mais você estava dormindo, ia te acordar pra quê?".

Três dias em casa . Novamente opções, e eu escolho o quê? Serra. Frio. Dessa vez ligo, ela desliga no segundo toque. Ligo de novo. Desligado. Compro passagem para o primeiro ônibus. 08h, são 07h56. Vou embora. Penso nela. Ligo de novo, já no ônibus. O telefone chama, chama, chama... Entristeço. Escrevo. Tento por no papel para tirar da cabeça, do coração... Difícil. Paro, deixo o lápis de lado. Guardo o papel. Tento deixar tudo pra trás. Distanciar-me, assim como faço fisicamente. .

Ao chegar tento ser eu antes dela... tento voltar a ser quem era. Tento...