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Era uma vez na Vogue

Estava sentada e acompanhada apenas pela minha coca-cola. No telão passava alguma banda de forró com nome de peça íntima e letras pornográficas. Duas amigas minhas se entretiam entre si do outro lado da mesa. Foi então que a música ruim parou. Um pop rock começou a vir do lado do pequeno palco.

Continuei sentada, observando as pessoas ao redor, então eu a vi. Ela olhou para mim, eu segurei o olhar, acho que sorri, devo ter feito isso, não sei, aqueles olhos me penetravam, me invadiam e me prendiam de tal maneira que eu não conseguia desviar. Foram poucos segundos passados em câmera lenta na minha cabeça. Ela olhou para muita gente, talvez todos que estavam ali. Devo ter ficado ali parada ainda alguns minutos, vendo-a. Cabeças e ombros ficaram entre nós e eu sai de onde estava, tentando me aproximar, precisava chegar mais perto.

Ela se mexia ao som da música, passava a mão nos cabelos, seus olhos pareciam mais claros devido à iluminação do local, seu nariz era perfeito e sua boca irresistivel.

Tocou Oasis, Beatles, Elvis, Madona: um repertório para ninguém botar defeito. A pequena pista de dança ficava cada vez mais lotada, eu não conseguia me concentrar em mais nada, mal conseguia mover meu corpo, até a música se tornava por vezes vaga.

A coca-cola acabou e sem ela minhas mãos ficariam vazias, ao ar, sem encontrar um lugar para repousar e minha boca ficaria seca. Sai para comprar outra coca-cola. Voltei e fiquei como uma tiete à beira do palco. Vendo a deliciosa melodia que saia de seus lábios. Não bastasse ser linda, como uma sereia, sua voz ainda tinha o dom de arrastar-me para o mar de gente.

Pessoas foram se colocando entre nós, mal dava para vê-la. Sai então daquele lugar. Fora do ambiente, comendo um cachorro-quente, pouco tempo depois os músicos chegaram.

_Dá a palheta pra mim? _Pedi ao que se aproximou.
_Eu sou o baterista.
_A baqueta então... _enquanto isso outro aproximou-se com o instrumento na capa, não dava para definir o que era. _Dá a palheta pra mim? _Insisti.
_Sou o...
_Baixista. _Completei. Enquanto isso outro se aproximava._Ah o tecladista não pode me dar uma tecla né?_Rimos todos._Então, eu me contento se me derem a cantora.
_Ela nem está mais aqui, já foi embora, se tivesse até que a gente dava um jeito_ Brincou um dos três. Rimos novamente, falei que gostei do som deles e que ia procurar no myspace.

Entrei novamente. No palco uma banda tocando um desses "forrós" plásticos. Uma multidão formada, pessoas me pisando, nenhum rosto conhecido. A voz dela se fora, o rosto, o corpo. Ela se fora e eu nem sabia seu nome, apenas o nome da banda. Não houve flert nenhum (pelo menos eu acho que não - eu não sei flertar, e ela definitivamente não estava flertando comigo). Não trocamos uma palavra. Talvez nunca troquemos, mas jamais vou esquecer esta noite.

Banda Evabrawn

Encontrei uma entrevista com a vocalista da banda em Mal Traçadas Linhas

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