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Não assumidamente lésbica

Uma das coisas ruins que acontecem quando não se é assumida (pelo menos para a família) é a fossa. Chorar escondido. Afinal, tenho meu trabalho, meus estudos, o meu mundo está as mil maravilhas (para a minha mãe) e eu com essa cara emburrada o dia inteiro. E por quê? Porque tive uma briguinha besta (fim do namoro) com aquela amiga inseparável (namorada).

E se ela pergunta porque o sorvete acaba tão rápido, ou porque eu ouço a mesma música mil vezes, ou ainda porque eu não quero conversar, então tenho que dar aquela disfarçada. Se eu falar que é por amor, sai de baixo, os anjos vão descer do céu especialmente para fazer um coro gritando aleluia. Dá pra imaginar os olhinhos de mamãe me vendo sofrer por um "amor" (por amor pode). Amor para ela é algum homem que eu conheci nas festinhas (baladas GLS) que eu frequento.

Mas o pior de revelar os verdadeiros motivos da tristeza (embora muito vagamente), é desfazer a imagem que levei anos para construir (menina estudiosa que não liga para relacionamentos ou uma "sapata inrustida" segundo alguns).

Bom, já tenho 21 anos, acho que já já ela para de me questionar sobre QUANDO eu vou arrumar um namorado e vai pegar mais "pesado", mas por enquanto vamos levando assim, ela fingindo não ver e eu tentando não mostrar.

Longe é até fácil. Quando alguns quilometros nos separam a vida é "menos" complicada, mas ir para a casa dela torna-se cada vez mais torturante, porque cidade de interior sabe como é né? Não é apenas sua mãe que quer saber (ou sabe) da sua vida, é a cidade inteira.

Meus novos amigos (da nova cidade) já me conheceram assumidamente gay (ou pelo menos bi na opinião de alguns) ou eu contei logo. Sinto-me mais livre assim para fazer comentários, olhar as meninas na rua e principalmente usar o artigo "A" e o pronome "Ela". Já os velhos "amigos" preciso me policiar (o que nem sempre acontece e as vezes acabo soltando um ou outro comentário comprometedor). Vida difícil essa.

Que vontade de contar logo tudo e poder ser feliz... Mas o fato de minha mãe ter 62 anos e ter problemas cardíacos, morar numa cidade cheia de abutres prontos para atacar assim que eu der as costas e ainda por cima os bruxos dos meus tios de língua afiada que adoram uma provocação me fazem calar.

1 comentários:

Jess Romano 27 de agosto de 2009 às 10:37  

Nossas histórias se resumem nas mentiras que até gostaríamos que fossem verdade. As vezes preferimos sofrer sozinhas para não fazer o mesmo com quem amamos. Enquanto estamos amuados e escondidos em um canto, o resto do mundo se mata!
Quem são os "relativamente normais" nesse mundo?
(Mamãe prefere ouvir "estou grávida" do que "essa é a minha namorada")

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