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Inusitado

Início da noite - Olhando o facebook, alguém posta um textinho de Martha Medeiros que mostra como o amor pode ser improvável. A autora começou com situações corriqueiras onde nunca imaginamos que podemos encontrar o amor, justamente por não estarmos procurando ele.

Uma fila de banco, um assento de ônibus... o texto vai além apontando como deixamos essas oportunidades passarem por erguermos uma barreira sonora (os fones de ouvido), mas achamos essas situações muito novelescas para acontecer realmente.. Então de súbido, lembrei: 'Eu já tive um amor improvável'.

Ela era a menina mais linda que eu já tinha visto e nunca imaginaria que ela pudesse me dar bola. Estava de boa (sem estar sofrendo pelo primeiro amor) pela primeira vez desde que me 'descobri' lésbica e como todo início de carreira, não tinha muita confiança no meu taco (mentira, ainda não tenho) então não dei muita bola quando a conheci. No auge dos meus recém completados 20 anos, aquela garota de 17 não parecia ser o tipo de pessoa que eu pudesse ficar, na verdade, quando a vi, nem achei que ela fosse gay. E sabe onde nos vimos a primeira vez?

Na fila do Restaurante Universitário. Cheguei tarde, todos estavam lá, furei fila puxando assunto com os amigos em comum. Fomos apresentadas, sequer prestei atenção em seu nome. Conversamos na mesa, um monte de bobagens e não conseguia manter os olhos nela por muito tempo, parecia que ela ia me desnudar só com o olhar. Já ela confessou-me, tempos depois, que minha 'indiferença' chamou atenção.

Após o almoço, cada um para o seu lado. Fui tirar minha sesta no terceiro piso - praticamente abandonado - da Biblioteca Central (o chão era limpinho e fresco, ajudava a amenizar o calor escaldante daquele verão) e ela saiu com a outra metade da turma. Ao virar as costas seu rosto desapareceu da minha mente, assim como o seu nome, não recordava mais quem ela era e só via outras pessoas quando tentava me lembrar.

A imagem daquela garota (ou a ausência dela) passaram a me atormentar, mas só por poucos minutos antes que nos encontrássemos de novo. Ela veio até mim, deitou-se também no chão e depois daquele momento não me esqueci mais de seu nome, seu rosto, seu cheiro, seu sotaque carregado... Fui para o estágio pensando mil coisas, com aquele sorriso no canto da boca de quem aprontou, mesmo que eu não tivesse a mínima intenção de realmente tentar nada e também que não tivesse a menor esperança do contrário.

Ledo engano! Ainda naquele mesmo dia, nos encontramos à noite quando saí do estágio, mal cheguei em casa e já nos adicionamos, com poucas conversas ela já estava vindo me visitar e no dia da visita nos beijamos demoradamente, como se o mundo todo tivesse parado naquele momento. No dia seguinte, perante a lua cheia refletida num mar calmo, começamos a namorar.

O final dessa história não é feliz. Não ficamos juntas para sempre - talvez o 'enquanto durou' - a minha imaturidade foi muito maior que a dela. Mas hoje, o texto de Martha me tocou fundo nessa parte e me deixou feliz esse pensamento de como tudo pode ser tão simples e fácil. De como o amor pode te encontrar nos lugares mais inusitados e quando você menos espera.

Eu podia não estar preparada naquele momento, mas aceitei de bom grado tudo o que me foi dado e me deu vontade de voltar a ser daquela forma leve, me despir dessas cascas que a vida colocou ao meu redor e deixar que meu coração seja tocado novamente.

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