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A Chuva - Joris Ivens

Joris Ivens era filho de um proprietário de uma firma de cinema e fotografia em Amsterdã, o que lhe conferiu aprendizado na área, de forma a se tornar um dos maiores expoentes do cinema documentário do século XX.

Por ser claramente simpatizante do partido comunista e defenderem sua obra ideias socialistas utilizadas por ditadores lhe angariou diversas críticas. É considerado um dos mais ativos criadores do "cinema experimental", que nega as características do filme industrial: os estúdios, as representações, entre outros.

Influenciado pelos "Filmes-sinfonias" que eram feitos como uma espécie de elogio à metrópole, Ivens subverte o gênero ao recusar uma abordagem sociológica e centra-se na poesia.

Ivens é tido como um dos principais documentaristas do Século XX. Sua obra se situa, quase toda, sob o signo da água, elemento presente na maioria de seus documentários, onde o domínio da água exerce grande influência sobre o trabalho dos homens.

A água é o tema principal de Chuva, um documentário poético filmado em 1929. O filme de 14 minutos, ainda mudo, é resultado de meses de filmagens das chuvas pelas ruas de Amsterdã. O projeto busca acompanhar a importância da água dentro da paisagem e do cotidiano desta cidade retirando do universo habitual sua matéria-prima para depois transformá-la por meio da edição meticulosa de imagens.

O modo poético sacrifica as convenções da montagem em continuidade, em Chuva, por exemplo, não há possibilidade de distinguir nenhum dos atores sociais, já que eles não são focados diretamente, o que é filmado não é uma pessoa ou um grupo de pessoas, mas as chuva na cidade. Tudo o que nela está inserido, incluindo as pessoas, torna-se apenas parte da paisagem.

Em Chuva são utilizados padrões abstratos de forma, associações visuais e qualidades tonais ou rítmicas, modelos que envolvem ritmos temporais e justaposições espaciais. A câmera aproxima a água da chuva de outras superfícies igualmente úmidas e refratárias como canais, poças, vidraças, vitrines, o asfalto molhado, etc. A chuva também é filmada indiretamente, ou seja, a partir dos efeitos que ela acarreta nos lugares onde ela cai, efeitos como fazer tremer a água dos lagos ou apressar o andar das mulheres na rua.

Ivens prefere a evocação emotiva e sentimental, planos mais longos e contemplativos onde imagens se fundem e se permutam com fluidez, assim como a água que cai misturando-se à paisagem e composições abstratas que se formam em meio à chuva.

O vento é outro elemento bastante explorado, por sua força balançando as roupas nos varais precedendo a chuva. Mesmo tratando-se de um filme mudo, o ritmo das imagens faz sentir a presença das sinfonias urbanas, bastante comuns no período: As ruas cheias de gente, a fumaça das chaminés, etc.

O documentário utiliza muitos 'planos detalhe' como o troféu ao lado de  uma janela, ou as gotas d'água caindo em um corrimão e 'planos gerais' como uma multidão com guardas-chuva ou os telhados antigos de Amsterdã. Pernas e poças d'água também são muito apontadas, além dos reflexos produzidos por estas. Uma das cenas mais belas de todo o filme é uma multidão com guardas-chuva sendo vistos em plongée refletindo o brilho provocado pelas gotas.

Por Amsterdã ser a cidade dos canais (o nome da cidade significa "foz em delta do Rio Armst") Chuva expõe a afetação provocada pela água, tanto a que cai quanto a que corre por seus canais diversos retratados com poesia e gentileza.

Outro fator que torna o documentário ainda mais delicado é sua trilha sonora, a harmonia suave que envolve todo o filme e o deixa ainda mais terno.

O projeto tenciona mostrar um dia de chuva, mesmo que para ser realizado tenham sido precisos vários meses de filmagens, Chuva  mostra um início de dia com as nuvens se formando, as primeiras gotas caindo que se transformam em uma chuva torrencial terminando com o sol que volta a brilhar no fim da tempestade.


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