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A maior lua cheia dos últimos 18 anos

Aviso: Este post está com quase um mês de atraso, que foi mais ou menos o tempo que fiquei sem internet.

Dia 19 de março de 2011, a maior lua cheia em décadas e fui convidada por uma amiga (aquela de 44 que conheci na vogue - pois é, ficamos amigas, fomos ao cinema umas duas vezes, comemos pizza e ela me convidou para ir ver a lua numa praia próxima à granja dela que fica perto do Rio Grande do Norte).

Quando entrei no carro ela perguntou onde estava minha namorada, e eu pega de surpresa não consegui falar nada além de que eu não tinha, estranhei a pergunta assim do jeito que foi feita, mas eu não podia mais voltar atrás. Mais de uma hora de estrada depois, ainda pegamos um pedaço de estrada de areia, não era nem terra, era areia mesmo.

O convite foi para irmos pra granja com uns amigos dela, mas não imaginava que ela só tinha três amigos: um casal de mulheres e um homem. As mulheres uma era alta, morena, bem feminina, calma e muito bonita e a outra era loira, mais baixa, parecia mais velha, extremamente engraçada, altiva e masculinizada. O homem era pouco mais alto que eu, gordo e não sei bem se ele é gay ou não.

Decidiram ir ao clube e ficaram insistindo para que eu tirasse o tênis, colocasse biquíni, entrasse na água... Eu estava com uma blusa preta, short e all star. No clube não tinha ninguém além de nós, eles beberam, eu fiquei bem na minha, havia fumado maconha com as mulheres, mas estava de boa, fiquei prestando atenção, eu nunca faço muito isso, normalmente eu falo como uma matraca, mas foi divertido ficar ouvindo.

A preocupação da minha amiga me irritava um pouco, ela queria tanto que eu me divertisse que não deixava eu me divertir, sempre tomando cuidado com isso, com aquilo, se eu queria beber, comer... os amigos dela começaram a tirar onda comigo, quando eu fui ao banheiro, ficaram dizendo pra eu tomar cuidado nas escadas, quando mordi um pedaço de peixe muito quente ficaram falando pra eu tomar cuidado pra não me queimar. Até em casa quando eu tropecei na mesa eles zoaram de mim, foi mais divertido isso deles me zoando, do que ela pegando no meu pé. A noite se aproximava e a minha preocupação aumentava, a surpresa que tive quando chegamos é que dormiríamos na mesma cama e era visível que ela queria me embriagar, então...

Saímos para ver a lua nascer na praia. Estavamos tomando Absolut com tanjal, um tipo de suco super concentrado de laranja. Nunca havia tomado nada tão gostoso, (e eu pensei que nada chegaria aos pés da tequila). O homem estava tomando Black and White e ainda rolou maconha. Coisas no carro e os amigos dela foram na frente, quando saímos ainda os vi indo por outra estrada e ela disse que pegaríamos um atalho, já estávamos atrasadas.

A estrada estava horrível, mesmo assim continuamos, passamos por uma vala enorme não sei como, mas mais a frente a vala era no meio da estrada, não havia como continuar, então voltamos. Na verdade não voltamos, caímos naquela vala que mal havíamos passado na ida. Saí do carro para que ela tentasse tirar o carro, mas só afundou mais. Ficamos presas, a lua já estava alta a essa hora.

Ainda estava claro quando começamos a voltar a pé.  Nada de celular, vivo, TIM ou oi, nenhuma operadora pegava naquela terra de meu Deus. Na mala do carro só havia gelo, as vodkas e o whisky foram no outro carro e na minha mão o tanjal. Só! A minha amiga ficou ainda mais chateada e nisso parecia que a culpa era minha. Passamos por uma casa e continuamos andando, muito mais a frente ela falou com um homem perguntando se alguém teria um trator, caminhão, qualquer coisa que ajudasse a tirar o carro do buraco, e ele falou que no sítio anterior, que a gente havia passado há pouco. Voltamos então para o sítio do Seu Luís, esse Luís era um senhor que ela havia expulsado das suas terras porque ele roubava coisas.

Não tinha trator, então voltamos ao caminho normal. Finalmente, depois de andar quase uma hora, conseguimos sinal, os amigos dela conseguiram ligar. No outro caminho também aconteceram acidentes, o whisky derramou todo, não sobrou uma gota, e eles atolaram na volta quando estavam vindo “resgatar” a gente.

Continuamos mesmo assim em busca de algo que desatolasse o carro, a estrada não tinha iluminação e era de areia, difícil de mais de andar e minha amiga só reclamava que não tinha bebida. Andamos mais por bastante tempo, já estava totalmente escuro, sorte que a lua estava muito muito muito grande e iluminava a estrada. Paramos na casa de conhecidos dela e voltamos com os homens e com enchadas para cavar e desatolar o carro.

Cansou bastante isso, os homens conseguiram desatolar e voltamos. Encontramos o resto do pessoal no meio do caminho, fomos para casa, resolveram beber no quintal. Apagaram o poste (ela tem um poste) e a luz da varanda, ficamos apenas à luz da lua. Se eu já estava me sentindo desconfortável com o excesso de preocupação dela desde cedo, nesse momento senti-me como a Jenny de The L Word quando é apresentada às amigas da Robin, Clique aqui a partir de 03,22. totalmente por fora naquele momento vamos-engrandecer-a-mulher-para-a-menina-gostar-dela. Tentei ser simpática e me sair das indiretas mais que diretas. Ela sentava perto de mim onde quer que eu fosse.

Enquanto estávamos do lado de fora, há muito eu havia abandonado minha bebida, mamãe me ligou, mais ou menos umas 9h da noite. Boa coisa não poderia ser, e não era mesmo. Contou-me que vovô não havia resistido à retirada dos aparelhos (mais cedo quando ela ligou falou que ele tinha resistido bem às cirurgias e que só estavam esperando tirar os aparelhos para ele ir para o quarto). Como eu tinha bebido e fumado maconha, entrei numa bad, fiquei muito confusa em relação a como eu deveria agir, o que eu deveria falar. Minha amiga me abraçou e chorei. Todos começaram a me fazer perguntas e eu não sabia como responder. Precisava ir pra casa, conseguir carona para a casa da minha mãe, precisava sair dali.

Liguei para conhecidos, ela começou a insistir que eu deitasse, queria deitar comigo. Deitei quieta, não estava mais chorando, só me sentia vazia, queria estar com minha mãe, precisava pensar no que fazer. Fiquei olhando para o teto, ela começou a passar a mão no meu rosto, no meu colo, dizendo que queria me ninar, me confortar, me abraçar e eu ficando extremamente chateada com aquilo, mas não falava nada muito brusco porque eu precisava de sua carona no dia seguinte. Tocou não sei se propositalmente, meu seio. Veio para cima de mim, me abraçou, me chamou de princesa, queria que eu ficasse olhando para ela enquanto eu só queria dormir para acordar cedo e ir embora dali. No último abraço ela ficou mesmo em cima de mim e eu falei “obrigada” para reforçar a amizade porque se eu deixasse aconteceria outras coisas ali e ela “obrigada nada!” não foi um simples “por nada” foi como se não tivesse gostado do meu agradecimento.

Depois de tanto toque-não-me-toque, eu finalmente não agüentei mais: “eu não quero!”. Então ela mandou eu dormir como eu durmo normal, ainda tentou dormir de conchinha - foi o que pareceu - comigo “Eu durmo assim”, falei e ela virou-se para o outro lado.

Nunca havia me sentido tão desconfortável na vida! Esse conforto que ela tentou me dar, só me deixava mais mal, não sei se porque ela estava alta ou de propósito, mas no fim o foco do meu mal estar foi totalmente transferido da perda do meu avô para a as investidas da minha "amiga".

1 comentários:

Júlia P. 17 de abril de 2011 às 12:08  

ai, que aflitivo! deu pra sentir o que você sentiu ali, deve ter sido mesmo horrível ):

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