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Rodoviária

Saí mais cedo... eu queria encontrá-la. Pegaria meu segundo ônibus ao meio dia e já estava lá de nove da manhã. Pensei que poderíamos conversar, comer um sanduíche... Tá bom, confesso que ainda a quero (não tanto quanto antes, mas quero), mas o que eu aprendi com relacionamentos anteriores é que se acabou, acabou. Não ia ficar insistindo, mas ela quem começou com o papo de sermos amigas.

Liguei assim que cheguei, ela disse que estava na casa de uma amiga, que iria até sua casa e de lá Se tivesse tempo iria me ver. Tudo bem. Uma hora depois me liga, meu coração disparou, normal afinal fazia já alguns meses que não nos víamos. Ela disse que não iria, "está chovendo", foi um dos motivos "tudo bem, não tem problema" "também tô sem passe..." falou coisas que não entendi, afinal a chuva era uma garoa fina e a passagem era R$ 1,50 e ela continuava a falar enquanto eu pensava nisso. "...tô sem dinheiro pra pagar inteira... você volta por aqui segunda não é?" "não tenho certeza, pode ser que eu consiga carona no domingo" "Mas é certeza, que você consegue carona?" "não, mas não tem problema não, só liguei porque tinha que vir por aqui mesmo e queria te ver" "Eu também" "Eu sei" "..." "..." "..." "Tá gastando seus créditos, sem falar nada, melhora guardar pra falar com alguém mais importante" "Você não fala nada" "Não tenho nada pra dizer" "..." "...". Ela falou algumas coisas que eu não consegui assimilar, não estava raciocinando direito, só lembro de partes. "E teu livro né?" A emprestei faltando dois capítulos para eu terminar... ela disse que devolveria na outra semana, até hoje."Faz mal não, entrega depois" "Mas eu quero ver tu também" "Eu sei" "Será possível que vou ter que ir lá onde tu mora?" "Você não vem nem aqui" "..." "..." "Então tá, depois a gente se fala... Você vai viajar de que horas mesmo?" "Meio dia" "Ah..." "..." "Então... tchau, xero... saudade" "Tchau, beijo"

Desculpas dadas, dez da manhã, fiquei lá sozinha, enfrentando o frio da serra, me sentindo uma idiota completa por ter ido mais cedo, deixei de dormir mais duas ou tres horas, peguei um ônibus lotado, sentei na última poltrona que não reclinava, sem a cortina para evitar o sol, perto do banheiro, com um cara espalhado. Depois de tudo isso, não me encontrou na rodoviária. Comi todos os Doritos e cocas-colas (é assim que se escreve?) que pude. Li e reli todos os textos (de ética, de crítica, do escambau), não podia jogar no celular porque estava descarregando e eu tinha esquecido o carregador em casa.
Ainda fiquei esperando que chegasse, que fosse somente uma brincadeira como ela já fez tantas vezes antes, mas depois de mais uma hora ela não chegou. Mais uma hora, ela não chegou. Meu ônibus chegou e ela não chegou.

Fui embora, o sol aparecia tímido, o frio não cessava, a cidade parecia diferente, eu parecia diferente, e naquele dia eu deixei uma parte de mim naquela rodoviária. Uma parte que foi escorrendo enquanto eu esperava alguém que nunca viria.

*Foto real da rodoviária onde eu fiquei.

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